quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Teoria do emigrante.

 


  
Há quem diga que quando se é emigrante se ganha mais uma casa.
Há quem diga que se passa a pertencer a mais do que um lugar.
É mentira.

Quando saímos de onde somos deixamos de pertencer a lugar nenhum.
Como se o espaço deixasse de existir no nosso sistema de coordenadas e passássemos a viver o mundo apenas a uma dimensão. O tempo.

A teoria da relatividade explica.
Pões a tua vida em duas ou três malas de viagem, largas a inércia, ganhas velocidade. Regressas a "casa" e, de repente, estás a mover-te à mesma velocidade do teu sistema de referência. As velocidades anulam-se. Sentes-te imóvel. E não podes. Não consegues. E tens que voltar a ir, e a sair, e a sentir o movimento que passou a fazer parte de quem tu és.
É por isso que regressar a "casa" é tão bom. Porque às vezes é preciso parar. Mas não vais, nunca mais, poder parar para sempre.

Eis que te apercebes que na dualidade espaço-tempo desta teoria, já não pertences mais ao espaço, pertences ao tempo.
E és feliz.

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