quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Nova morada.



A Chiquelette mudou de morada. Pelo menos até que a inspiração, as ideias e a retórica se desbloqueiem. Até ver, estará fechada a sete chaves no palácio da lua que, devo desde já avisar, sobretudo às almas mais propensas a estados depressivos, é um lugar bem atento às vontades da melancolia. E porque não me atrevo a qualquer tentativa criativa enquanto leio este senhor, deixo-vos uma pérola do mestre...

«As nossas vidas são determinadas por múltiplas contingências», disse eu a certa altura, tentando ser tão sucinto quanto possível, «e, todos os dias, lutamos contra estes choques e acidentes a fim de mantermos o nosso equilíblio. Há dois anos, por razões simultaneamente pessoais e filosóficas, decidi desistir dessa luta. Não porque quisesse matar-me, mas porque pensava que, ao abandonar-me ao caos do universo, o universo acabaria talvez por me revelar uma qualquer secreta harmonia, uma qualquer forma ou padrão que me ajudaria a penetrar em mim mesmo. A ideia fulcral era aceitar as coisas tal como elas são, era ir à deriva na corrente do universo. Não estou a dizer que tive êxito no caminho que decidi trilhar. Na realidade, fracassei miseravelmente. Mas o fracasso não vicia, não macula, a sinceridade da tentativa.»

Amen.

@ Palácio da Lua, Paul Auster

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